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quarta-feira, 3 de março de 2010

O crime da intolerância

Vivemos em um país heterôgeneo em vários sentidos. Afinal, temos várias influências culturais vindas de fora e que acabaram por moldar nossos costumes. Entretanto, mesmo com toda essa diversidade presente no nosso dia-a-dia, o projeto de lei que pretende transformar o preconceito contra homossexuais em crime tem gerado uma polêmica imensa.
Lendo alguns jornais e sites da internet, fiquei estarrecida quando soube que, de acordo com o programa federal Brasil sem Homofobia , a cada três dias de 2008, foi detectado pelo menos um crime decorrente de ódio por orientação sexual no país. É lamentável que números como esse sejam possíveis dentro de uma sociedade que é vista pelo resto do mundo, em alguns casos até de forma pejorativa, como o país da liberdade.
Só podemos reivindicar uma sociedade justa quando somos justos com o próximo. A reação de alguns setores que são contra ao projeto de lei só fazem reafirmar a necessidade de se pensar meios de assegurar o convívio digno e seguro dessas pessoas dentro da sociedade. Obviamente, somente a existência de um projeto como esse não garante que, se aprovado, o preconceito será erradicado. Porém, é um passo a mais para que a intolerância seja derrotada.
Além disso, não é uma questão de opinião, de gostar ou não das escolhas que alguém fez, mas uma questão de respeito para com o próximo. Não só os homossexuais, mas também as outras parcelas da população que sofrem com o preconceito, velado ou não, são cidadãos, pagam impostos e tem sua dignidade como ser humano assegurada por lei. Por isso devem ser respeitados e protegidos pela justiça como qualquer outro brasileiro .
Por outro lado, criminalizar o preconceito é uma forma também de evitar que se chegue a outros crimes ligados a ele. Quem nunca ouviu falar de um homossexual que foi espancado ou morto somente porque outros não gostam de sua opção sexual. Esse tipo de atitude é um resquicío do barbarismo, em seu sentido mais cruel, que assola nossa sociedade e deve ser erradicado.
Seguramente, acredito que não só o preconceito contra homossexuais, mas sim toda forma de discriminação deve ser tratada de forma severa. Quantas mães e pais ainda deverão chorar porque seus filhos são ameaçados por não se encaixarem dentro de um estereótipo, de uma predefinição ou simplesmente convenção social?
Respeitar ao próximo como a si próprio é um dos pensamentos mais sensatos que conheço e, no entanto, muitas vezes, as pessoas que mais o citam são as que menos o levam para dentro de suas vidas. Por isso, toda a forma de assegurar que a sociedade não seja uma espécie de campo de batalha para os que já estão inseridos nela e os que hão de vir é uma forma de demonstrar o quanto as lutas anteriores pelo direito de viver em paz e em uma sociedade mais justa não foram em vão.

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