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domingo, 13 de junho de 2010

O problema é quando chove...e quando "tá"seco também

Por Selma Cogo

As chuvas em Ponta Grossa têm trazido problemas frequentes á população. O relevo acentuado de algumas regiões da cidade acaba deixando grande parte da população em situações deploráveis. Parte deste problema se deve ao fato de que a cidade possui uma grande quantidade de arroios que partem do centro da cidade para as periferias. O fato de estes arroios estarem no centro da cidade faz com a maioria esteja canalizada nesta região. No entanto, nas periferias da cidade, a população sofre, pois em muitos dos casos estas pessoas moram na beira destes arroios e quando chove têm as casas alagadas.
A falta de canalização associada à ausência de uma rede de esgoto adequada pode contribuir para que a população seja contaminada por vários tipos de doenças. De acordo com o Portal Ambiente Brasil, Amebíase, Ascaridíase, Ancilostomose, Cólera, Disenteria Bacilar, Esquitossomose, Febre Amarela, Febre Paratifóide, Febre Tifóide, Hepatite A, Malária, Peste Bubônica, Poliomielite, Salmonelose e Teníase são algumas das doenças que a água contaminada pode causar. Obviamente, as pessoas que mais sofrem com isso não aparecem nas estatísticas pois são moradores de áreas invadidas ou de fundos de vale. A propósito, sobre estes moradores de fundo de vale, a jornalista Annelize Tozetto, juntamente com Saulo Marenda, tratou deste assunto no livro-reportagem de conclusão de curso "Por trás do Risco - Olhares e Percepções sobre as áreas de risco da cidade de Ponta Grossa. Annelize afirma que “não existe, para muitas famílias, condições mínimas de saneamento, especialmente para aquelas que vivem próximas de arroios e fundos de vale. Dias de chuva então é terrível. Uma nascente com água potável pode se transformar, em menos de um km, em “esgoto” a céu aberto porque não há assistência para população”.
Sendo assim, percebe-se que estes cidadãos invisíveis dentro das estatísticas sofrem muito quando chove, mas quando o tempo está seco também. Afinal, grande parte dos arroios recebe o esgoto sem tratamento algum. Resultado: se quando chove ocorre uma potencialização dos problemas trazidos pelas chuvas, quando o tempo está seco, também. A contaminação destes arroios prejudica a população que (sobre)vive nestes locais, onerando ainda mais os cofres públicos. Problemas que poderiam ser evitados com um investimento maior do estado em medidas preventivas.
Mesmo assim, é inegável que nosso estado passou por um momento de aumento na cobertura de saneamento básico. Os números demonstram isso: em sete anos (2003-2010) a Sanepar investiu 150 milhões em obras de água e esgoto nos Campos gerais.
Entretanto, isto ainda não é o suficiente. Ainda falta planejamento urbano para muitas das cidades do nosso estado. Oferecer lugares próprios para a população, com estrutura e o mínimo de conforto é papel de toda gestão. Dessa forma, os investimentos são sentidos a longo prazo. Se não passarmos a pensar desta forma sempre estaremos utilizando medidas paliativas. Ou seja, enquanto consertamos um estrago, aparece outro e assim por diante.
Portanto, ainda que estejamos em um ano de Copa do mundo e sabemos como isto afeta nosso país, devemos pensar no que é importante oferecer à população nas próximas gestões. Dignidade e bem-estar social são alguns destes aspectos a serem tratados como imprescindíveis. Aspectos que devem ser propiciados à população pelo governo e reivindicados por todos. Com chuva, ou não!