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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sociedade em igualdade

A recente aprovação do Estatuto da Igualdade Racial demonstra um avanço considerável na tentativa criar uma sociedade mais justa. O projeto, após sete anos de tramitação, teve algumas mudanças, entre elas, o fim de cotas em empresas e Universidades. Obviamente existem as discussões sobre a questão das cotas em diversos setores da sociedade (educação, economia, por exemplo) e que foram retiradas do estatuto, porém o reconhecimento da capoeira como esporte e a exigência de respeito ás religiões e cultos africanos são pontos positivos a serem considerados.
O fato é que nossa sociedade, apesar da miscigenação, ainda contém um preconceito subentendido, resquício da cultura escravocrata (se é que podemos entender como uma cultura) que vigorou e vigora, quem sabe em menor escala, há mais de cem anos após a Lei Áurea. Tentativas da criação de cotas e do próprio Estatuto são a forma de nossa sociedade tentar corrigir um erro secular, uma marca lamentável em nossa história. No entanto, não podemos imaginar que isto seja algo fácil de fazer, afinal, grande parte da existência do nosso país foi dedicada (e em alguns aspectos perdura até hoje) a subjugar os mais fracos, lucrar através dos mais ingênuos e construir uma riqueza utilizando do suor alheio.
A questão das cotas, sua existência ou não, torna-se algo minúsculo diante da amplitude das medidas que devem ser tomadas. Grande parte da população brasileira é negra, no entanto, somente 2% chegam ás universidades. Isto ocorre porque não são oferecidas oportunidades iguais. Não adianta de nada termos um sistema de cotas se ele não contempla a maior parte dos interessados, devido à falta de suporte de base. Ou seja, como esperar que estudantes negros preencham o número destinado às cotas nas universidades se grande parte não termina o ensino médio? Quantas comunidades quilombolas não possuem escola? Portanto, ainda que apresente-se como uma medida eficiente, o sistema de cotas ainda possui inúmeros problemas que devem ser resolvidos para que a distribuição de vagas realmente ocorra de forma justa e eficiente.
O ponto principal do estatuto da igualdade racial é que se começa a pensar em formas de garantir que a sociedade brasileira seja mais coesa em sua heterogeneidade. O respeito é a principal bandeira a ser levantada neste sentido. A igualdade tão almejada é a igualdade de direito, de acesso, de oportunidade para todos buscarem uma vida melhor e que, espera-se algum dia, não precise de um estatuto para ser válida.

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