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sábado, 31 de outubro de 2009

Presídio!!!

Ontem fiz uma visita à cadeia pública. Meu trabalho até aqui era apenas o acompanhamento das necessidades das famílias dos presos. Mas para compreendermos melhor a família e suas necessidades aqui fora, devemos também conhecer o pedaço da família que está encarcerado.
Fui acompanhada da Pastoral do Cárcere, de um advogado voluntário e dos meus assistentes. Sentimos na pele que, realmente, a missão de adentrar esse mundo e resgatar essas pessoas á margem da sociedade, perdidas no fundo das celas, não é para qualquer um. Não basta ter a bondade de uma Madre Tereza, é preciso compreender o que acontece lá dentro e agir com a fé de que somos instrumentos de Deus nessa luta pelo resgate da sociedade.
O presídio Hildebrando de Souza tem capacidade para 170 presos, mas hoje está aproximadamente com 500 detentos. A super lotação e as condições precárias da instituição são o estopim das rebeliões. A revolta pela falta de espaço na cela, por terem de dormir empilhados na dureza do chão frio e a omissão do Estado por não oferecer um advogado gratuito, previsto em lei, potencilizam o ódio que essas pessoas sentem ao entrarem, tornando-os muito mais perigosos quando, de alguma forma, saem.
Sempre me coloco a favor das famílias e entendo que os problemas pelos quais essas famílias passam podem acontecer a muitas outras pois as drogas, o tráfico e qualquer outro tipo de ato ilícito não escolhe por cor, raça, sexo ou classe social.
A grande maioria dos presos que estão ali pensaram que poderiam ganhar dinheiro muito mais rápido e fácil para atenderem a algum tipo de necessidade, seja algum vício ou alguma necessidade mais elementar como comer ou se vestir. Mas, porque eles entenderam desta maneira? Onde foi que receberam esta mensagem da sociedade? Em que momento passaram a entender que infringir as leis era algo justificável?
Será porque assistem na TV os grandes traficantes serem tratados como estrelas ou porque eles apenas tentam conseguir através da força o que a sociedade deveria disponibilizar a todos sem distinçao?
Como cristã, acredito em Deus e entendo que os 10 mandamentos acabam sendo inseridos, de uma forma ou outra, nas leis dos homens. Acredito que Deus ou outra crença em poder maior e que pregue a bondade, juntamente com a lei, de alguma forma alicerces para a construção de uma sociedade mais segura e justa. Insisto no respeito e na base da sociedade, por isso, insistir na família é investir na sociedade.
Quando olhei para os rostos daqueles detentos, vi na grande maioria o arrependimento e o desespero. A necessidade de um olhar de mãe...
Não estou aqui para defendê-los e nem para julgá-los, mas defendo que é preciso tomarmos uma atitude em relação às condições que o Estado oferece para a real recuperação e reintegração desse indivíduo na sociedade.
Não vejo outra maneira de resolver essas condições se não nos envolvermos e cobrarmos do Estado o resgate dessa população que deve responder por seus delitos mas que também deve dispor de dispositivos para que saiam melhores pessoas do que quando entraram e não o contrário.
Lembre-se: Salvar um preso é salvar no mínimo 30 outras famílias.
Hoje quero dedicar esse post para todos aqueles voluntários que visitam os esquecidos pela sociedade na cadeia pública. E eu, como cidadã Pontagrossense, quero agradecer a todas as irmãs, irmãos, pastores, padres e agentes pastorais por vocês existirem. Que Deus possa guardar todos vocês e dar a saúde para continuarem nesta luta, porque a contribuição de vocês para a sociedade é muito maior que a do próprio Estado!
Selma Cogo, Mulher Pontagrossense!

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